segunda-feira, 11 de abril de 2011

O intruso do sótão (cap. 4 parte 3)

Sozinha em seu quarto, Helena não parava de pensar em Max. Como ele estará? Bem, espero. Pensava a menina, com o coração palpitando. Droga, Max. Não devia estar preocupada com você.

Ela não tinha certeza de seus sentimentos. Ás vezes pensava amar Max, outra achava que amava a imagem de Thiago refletida sobre ele. Ela estava confusa; queria uma chance com Max, mas no fundo desejava que ele fosse com Thiago. Pelo menos um pouco.

Na casa, distante de Helena, a mente do garoto girava com mil ideias. Medo, desespero, ódio, paixão. Todas essas coisas entrelaçadas tinham como foco o último acontecimento. Nenhum dos dois queria se separar, no entanto Max era o que mais sofria com isso. A um longo tempo que não tivera uma companhia, ainda mais uma companhia como a dela. È claro, ele a achava muito bonita, mas sabia que não passava de mera atração física. Dizia isso á si mesmo, garantindo que não seria capaz de amá-la, apenas se apaixonar por ela. Uma paixão passageira, como muitas outras que tivera que poderia cessar rapidamente em um beijo.

È, um beijo. Na verdade o beijo.

Max queria isso, Helena também. Max por que acreditava que quando a beijasse veria que seu sentimento não era nada além de uma atração física. Já Helena pensava diferente. Pensou tanto no assunto, que escreveu em seu diário:

Não sei o que penso da vida, estou confusa. A verdade é que as vezes acho que Max poderia ser para mim uma réplica de Thiago, perfeito e único novamente. Outras vezes desejo apenas ele, o meu Max, do jeito único que é. Não sei bem como funciona. Em um momento choro ao lembrar-me de Thiago, em outro sorrio por ter Max para substituí-lo. Um dia vou descobrir o que realmente quero.

Mas para esse ia chegar, tenho que fazer uma coisa primeiro:

Tenho que beijá-lo.

Não sei se por simples curiosidade, ou por ardente paixão. Só quero fazer isso. Queria saber o sabor que seus lábios têm. O quanto de amor ele pode me dar, e o quanto mereço.

Nesse dia, quero que ele retribua esse sentimento também.

Ela deixou escapar um suspiro, e a visão de si mesma nos braços de um Max Thiago vagou por sua mente.

Quero beijá-lo, saber o sabor que seus lábios tem.

Ela fechou o diário e abraçou-o contra o peito, suspirando.




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sábado, 9 de abril de 2011

O Intruso do sótão (cap.4 parte 2)

Helena ficou quieta enquanto percorria todo o caminho até sua casa. Tia Marta reclamava aos gritos, os cabelos louros e curtos esvoaçando devido ao vento da janela aberta do quarto. Ele queria a mandarela calar a boca, mas concluiu que já tinha problemas demais.

Quando ela chegou o pai esperava junto a porta, de braços cruzados. A grande casa de campo amarela se erguia atrás do pai, parecendo calma e convidativa. As janelas abertas, as flores emoldurando-a. Helena não se importava se iria apanhar ou ficar de castigo pelo resto da vida. Por algum motivo, seu pensamento estava muito distante.

— Helena — disse o pai, já sentado na mesa da cozinha, esperando uma conversa madura e civilizada —, por que fez isso? Sabe que fiquei preocupado?

Não parece, pensou ela.

— Sabe que não gosto que me prendam, nem que me ignorem. Não posso ser contida pai, desculpe.

Ela não fazia ideia de como parecia muito mais adulta ao dizer essa frase. Mesmo assim, sua mente estava distante, nem mesmo ela fazia ideia de onde. É claro, o homem ficou atônito, vendo a filha deixar a mesa sem mais uma palavra. A expressão de Helena, seu olhar, estavam distantes.

— Helena, eu não terminei — disse a voz dura do pai, obrigando-a parar.

Ela sabia que se não virasse naquele momento, o pai perderia o autocontrole que estava conseguindo á duras penas. Ela fitou o rosto nervoso do pai, com uma expressão distante demais até para ela mesma. Ele, por sua vez, começou a enumerar as regras:

— Vai ficar três meses se poder sair com suas amigas, ouviu? Vou tirar seu notebook, e você só vai usá-lo sob minha vigilância quando tiver trabalhos escolares. Não quero visitas de domingos nem à noite, e você só pode sair desta casa comigo. Entendeu?

No primeiro momento, ela nada respondeu. Não vou poder ver Max, pensou aflita. O pai ficou nervoso e repetiu, com a voz elevada:

Entendeu?

— Sim, pai. A verdade era que ela não estava nem pouco preocupada. Não deu a mínima atenção ao discurso do pai que se seguiu, pedindo silenciosamente que tudo aquilo terminasse rápido e da forma mais amigável possível. Ela queria subir e ficar sozinha no quarto, pensando em uma outra forma de ver Max.

Era impossível deixar de pensar nele por um só segundo, mesmo que ela quisesse.



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