domingo, 30 de janeiro de 2011

O Intruso do sótão (cap.3 parte 2)

— Bem, não é uma assim tão longa... — disse ela, sentada no sofá junto de Max. — A verdade é que quase ninguém me pergunta... Não sei por onde começar.
Ele ainda continuava sem dizer uma única palavra, com os olhos atentos de interesse. Ela prosseguiu:
— Bem, se você quer tanto saber...
“Minha mãe era descendente de alemães. Loira, com olhos cinzentos. Deveria ter uns 27 anos quando conheceu meu pai, moreno, alto, hispânico, cinco anos mais velho. Se casaram dois anos depois, e eu nasci quando ela tinha 37 anos, e ela...
Helena suspirou, e tentou não chorar. Sem olhar para Max, continuou:
“Meu parto foi difícil, ela era pequena e nasci depois do previsto, maior que deveria e ela acabou morrendo. Não acredito muito nisso, mas foi o que me contaram. Depois disso, Marta foi morar com meu pai, para ajudar a me criar. Sem vida própria, ela resolveu mandar em mim, e tem meu pai na palma das mãos.”
Ela fez uma pausa, deixando Max à se perguntar como seria ter uma vida assim, com tantos luxos e controvérsias.
“Na verdade, acho que ela está interessada no dinheiro do meu pai. Ela também é viúva. Mas meu pai me criou bem. Ele nunca foi mau pai, sempre me guiou e me ensinou tudo o que era preciso saber. Não é um pai ruim, de maneira alguma.”
— Mas e você? — disse ela — Por que está aqui?
— Não é assim tão interessante. — disse ele.
Max se sentia desconfortável, não queria a piedade de Helena. Mas, quem sabe... Talvez isso fizesse com que ela o beijasse.
— É, talvez um dia te conte. — disse ele, abrindo um enorme sorriso satisfatório.




Copyright 2011. Autoria de Bianca L. Spinola - Todos os direitos reservados. Proibida cópia parcial ou total deste conteúdo sem autorização expressa do autor.

O intruso do sótão (Cap. 3)

— Helena — disse Max, debruçando-se sobre ela — Acorda, Helena.

Helena levantou o rosto, e percebeu sua boca a centímetros da dele. Ela recuou insistivamente para trás, ainda que se eu primeiro flash fora de aproximar um pouco mais a cabeça.

— Café? — ofereceu ele. Helena aceitou a caneca, com um olhar significativo para Max. O menino estava estranhamente alarmado, fato devido á aproximação súbita de Helena.

— Onde conseguiu? — perguntou ela, verificando se não havia nenhum fungo no copo.

— Não tirei da cozinha — disse ele, com olhar que traduzia a frase: E não sou porco. — Comprei na padaria. Eu trabalho, se você não sabe. Não peço esmola no farol.

Max não sentiu a necessidade de especificar que seus trabalhos eram, em sua grande maioria, muito grandes para a sua quantia. No entanto, ele não ia se submeter a trabalhos mais complicados que poderiam encrencá-lo, dando-se a sua condição de fugido. Já que o tio não estava disposto a aceitá-lo de volta, ele teria que conseguir, no mínimo, o que comer. Helena o fitava com um olhar horrorizado, de quem pensou o pior.

— Eu não faço ponto na esquina! — rugiu Max, rubro de raiva.

— Eu não pensei isso. — disse ela, corando. Nunca alguém a desmascarara tão facilmente. — E onde você toma banho? — disse ela, refletindo um pouco. Podia afirmar que ele não cheirava mal, nem de muito perto. Na verdade, cheirava a um forte perfume masculino. Ela deduziu que, se ele tinha trabalho e cheirava tão bem, obviamente tomava banho.

— Na casa da Anna — respondeu ele — Ela sabe sobre o meu tio e tentou convencê-lo a me deixar voltar. Também quis que eu ficasse com ela, mas sabe como é... Ela mora sozinha. Ela cuida de mim e tenho muita coisa graças a ela.

Helena ficou pensando quem ela seria. Pensou até que Max tivesse uma recaída por ela, já que ele corara um pouco na declaração. Tal pensamento não animou. Eles tomaram café juntos, e ficaram um bom tempo sem falar nada. Helena se levantou, e sentiu uma súbita coceira. Pensou em tomar um banho, mas não queria se arriscar indo na casa de uma das amigas, nem na casa de Anna. Ao invés disso, ela se espreguiçou e abriu a porta, querendo ver alguns raios de sol antes de começar a rotina de fugida.

— E então, quando vai me contar sobre você? — Perguntou Max de súbito.

— É uma longa história — falou Helena, desabando sobre o sofá. — Ou talvez nem tanto. — Disse ela, olhando para Max, e perguntando-se até onde ele queria chegar.



Copyright 2011. Autoria de Bianca L. Spinola - Todos os direitos reservados. Proibida cópia parcial ou total deste conteúdo sem autorização expressa do autor.

O intruso do sótão (Cap.2, parte 5)

Já eram duas da manhã, e Helena estava em sono profundo. Max andava devagar de um lado para o outro da sala, ainda preocupado com a possibilidade de ser pego pelo pai de Helena. Já ela mesma não dava tanta importância, sendo que o pai não ligara uma única vez. Mas, no fundo, ela sabia que seria pega, mais cedo ou mais tarde e quando isso acontecesse, não queria Max por perto, para poder assistir.

Ele se sentou do lado dela, que estava adormecida no colchão. Os lábios delicados estampavam um leve esboço de sorriso, o que fazia Max acreditar que ela estava sonhando. Mas o sorriso não era por um sonho, mas por que este fora embalado pela fantasia de ter Max por perto, a noite toda, e de que ele a vigiaria. Ela imaginava-se como em uma cena de cinema, na qual o herói protege a menina a todo custo, mas sem deixá-la um só momento. Ele queria, de fato, protegê-la, mas não sabia como.

Movido pela curiosidade de descobrir sua própria reação, Max roçou a ponta dos dedos na bochecha de Helena. A menina não deu sugestões de acordar, o que o decepcionou. Ele se levantou e saiu, andando pela casa como antes. Junto ao travesseiro, ela sorriu, abrindo os olhos. Queria levantar e abraçar Max, mas sempre que pensava nisso, ela via nele as feições de Tiago. Não queria admitir, mas ainda gostava dele. Não o havia esquecido. Talvez nunca esquecesse. Helena se sentou incapaz de conter as lágrimas que escorriam livremente pelo rosto. Eram assim, todos os dias, desde que perdera Tiago, desde que perdera a única pessoa que pensou amar. Ela tentou enxugar as lágrimas, escutando os passos que voltavam em sua direção mais era tarde demais, porque Max já tinha ouvido as fungadelas. Ela queria colocar o rosto entre os joelhos e não se mexer, pois sentia vergonha em chorar na frente das pessoas. Achava humilhante de sua parte chorar por alguém que a desprezava tanto.

— Helena — disse Max — tudo bem?

Helena não disse nada, apenas levantou o rosto para olhá-lo melhor. Nunca, nem de longe, ele seria parecido com Tiago. Tiago era alto, bonito, inteligente e mais velho. Digno de ser um sonhado vampiro, mas com a pele mais corada. Já Max era pouco mais alto que ela, tinha pequenas sardas infantis no rosto, o que o deixava com um ar doce de ursinho de pelúcia. Enquanto Tiago era perigoso, indecifrável e altivo, Max era pequeno, gentil e impulsivo; tudo para ser um ótimo amigo, nos requisitos de Helena. Ela viu que mais uma vez errara ao presumir que o amava. O que ela amava era a imagem de Tiago, refletida sobre ele. O que fez exprimir mais uma cachoeira de lágrimas.

Ela desejou que ele a abraçasse, e ele também. No entanto, nenhum dos dois teve coragem para fazer qualquer coisa. Max estava confuso, olhando para as pequenas lágrimas cintilantes que desciam pelo rosto de Helena.

— O que foi? — insistiu ele, mais uma vez.

— Nada — disse ela, ignorando os olhos implorantes do novo amigo. — Já chega, isso está virando uma palhaçada.

Ela deu um riso torto e sem humor. Era típico de Helena, sorrir para amenizar a dor das coisas que desciam em sua garganta, arranhando-a. Olhando para Max, ela esperou para ver qual seria a resposta do menino. Ele estava sem fala, confuso com a situação. Por fim, ele abriu os braços, convidando-a. Ela se alojou ali, e chorou mais um pouco. Colocou uma das mãos sobre o peito de Max, e a viu tremer juntamente com o ritmo do seu coração disparado. Os dois respiravam juntos, tentando não transparecer o quanto estavam ofegantes. Por fim, ela adormeceu, e Max a devolveu gentilmente ao colchão. Ele a cobriu e tocou novamente seu rosto, não ficando desapontado quando ela não se mexeu. Ele viu que a menina deixara escapar um lampejo de sorriso, e sabia que ela estava acordada.

Para ele, isso já era bom o suficiente. Para ela também. Por enquanto.



Copyright 2011. Autoria de Bianca L. Spinola - Todos os direitos reservados. Proibida cópia parcial ou total deste conteúdo sem autorização expressa do autor.

sábado, 29 de janeiro de 2011

O intruso do sótão (cap.2, parte 4)

— Quer um chocolate? — ofereceu Helena, depois de algum tempo. Depois de discutir um pouco, Max decidiu que Helena poderia ficar ali, pelo tempo que quisesse. Helena tentava, sem sucesso, levá-lo para a escola na tarde seguinte, convite que Max recusava veemente. Não se dando por vencida, Helena apenas julgou ser uma questão de tempo. Ela sabia esperar. — Quero — disse Max, pegando um pedaço. Ele tentou ignorar o fato de que chocolate deixava as pessoas apaixonadas. — Mais uma hora o seu pai — Max continuou o assunto encerrado á pouco, entre uma mordida e outra — Ele vai te procurar, não vai? Espero não me dar mal por isso. Mas o que Max disse não foi Me dar mal. Foi em outras palavras, que os amigos de Helena usavam frequentemente. Ela não costumava fazer aquilo, mas não se absteve em dar-lhe um tapa na testa e reprêende-lo como uma criança. Por algum motivo não especificado, ela sentia que tinha liberdade para fazer isso. — Ai! — disse o menino, com uma voz aguda e irônica — Doeu, mamãe. Helena sorriu. Era fácil se habituar a Max. — Ei, senhora nerd, pra que tantos livros? — è para adquirir conhecimentos e pelo simples prazer — replicou Helena. — Ah, tá. — disse Max, revirando os olhos. — Você não devia falar nada, senhor “ estou com medo que seu pai me pegue”. — E se ele me jogar no conselho tutelar por seqüestro? Ou pior: e se ele me mandar de volta para o meu tio? Helena riu. Agora tudo parecia ridículo: ela se sentia uma criança. — Seqüestro? É mais provável que eles prendam um elefante por voar! Mas de qualquer jeito — disse ela, tornando-se séria — Não vou deixar meu pai te pegar. — Por quê? Por que, Helena? Por quê você quer me proteger? Era o que Max sentia vontade de perguntar. Porque, Max. Porque eu acho que te amo. Também acho que te amo. Eu acho que sempre amei. — Porque você me ajudou. Não vou deixar você se ferrar. Foi tudo o que Helena respondeu. O medo a impediu. Mas não era apenas isso.Ainda não era a hora certa. Você vai me amar do jeito que quer, Helena. Quando chegar a hora. Eu já te amo, Max.




Copyright 2011. Autoria de Bianca L. Spinola - Todos os direitos reservados. Proibida cópia parcial ou total deste conteúdo sem autorização expressa do autor

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O intruso do sótão (cap. 2 parte 3)

Um garoto, com cabelos pretos bagunçados e sardas no rosto estava parado bem encima de Helena, fitando-a com indignação.

— Quem é você? — perguntou Helena, levantando-se de súbito.

— Eu é que pergunto! — disse o menino, indignado. — Você está na minha casa, se não percebeu. — Sua casa? — disse Helena, sacudindo de leve na cabeça — Helena. — ela respondeu, lembrando-se da pergunta

— Max. — disse o menino. Helena estreitou os olhos, lembrando-se de algo.

— Max? Eu acho... Que conheço você.

— É, conhece. Estudei duas vezes com você, na quarta e na terceira série.

Max corou um pouco com essa declaração. Ele se lembrava bem de Helena, porque era uma das meninas mais feias, que era sempre alvo de maldades. Ele odiava admitir, mas ele a achava muito bonita agora.

— Mas... Você mora aqui? — disse Helena, mudando de assunto. Ela se incomodava um pouco com os olhares furtivos de Max, e tentava negar como isso era satisfatório. Mesmo quando estava com Thiago, não se lembrava de ele a olhar assim. E mesmo com o ar um pouco infantil, causado pelas pequenas sardas no rosto, ela o achava até bonito.

— Moro, sim. Todo mundo acha que a casa é abandonada, né?

— Mas por quê? Você não tem com quem ficar? — Helena sabia que Max era órfão, mas não achou que este fosse o motivo para ele estar aqui.

— Não. É só uma longa história.

— Uma longa história que fez você vir para cá? — pressionou Helena.

— Meu tio — desabafou ele — O velho bêbado me odeia. Por isso eu vim parar aqui. Mas e você? Porque está aqui?

— Meu pai — disse ela, lembrando-se de que, a esta hora, ele deveria estar louco — Ele quer que eu vá para a droga do intercambio na Europa. Na verdade não é ele, é a Marta. O que me dá mais raiva ainda!

— E por isso você fugiu? Só por isso? — disse Max, achando tudo aquilo uma imaturidade de Helena.

— Não é a primeira vez que a Marta faz isso. Quero dizer, tomar conta da situação — ela disse, tentando se justificar — Já me dei mal por causa disso, varias vezes. E eles queriam me colocar em um avião amanhã cedo! Não podia abandonar a escola assim!

Ele não falou nada por algum tempo. Achava ingratidão ela ter recusado, mais depois entendeu que aquilo era dispensável para ela. Podia ter tudo o que quisesse, por que iria para a Europa agora? Helena se irritou quando Max disse isso em voz alta, e logo tratou de lhe dar como premio uma resposta dura e revoltada.

— Não foi meu pai que me deu essa droga! E eu não tenho tudo o que quero! Você quer este intercambio? Pode ir, porque eu não vou lagar minhas amigas e os meus estudos só por um capricho do meu pai!

Naquele momento, por mais impossível que parecesse, ele a compreendeu. Entendeu que aquilo era um motivo de orgulho para o senhor Valdéz. Ele conhecia o homem, que adorava se gabar de qualquer coisa: da filha, da casa, dos carros. Como ele não gostaria de se exibir pelas ruas da cidade, dizendo que havia mandado a única filha estudar na Europa.

— Tudo bem — disse ele — Entendo você.

— Entende? — disse Helena, pasma.

Mas não precisava de resposta. Porque, mesmo sem saberem, a intuição de Max e a observação de Helena falavam por si só. Eles não suspeitavam, mas se conheciam melhor do que qualquer um. Só precisavam relembrar.




Copyright 2011. Autoria de Bianca L. Spinola - Todos os direitos reservados. Proibida cópia parcial ou total deste conteúdo sem autorização expressa do autor

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Intruso do Sótão (cap.2 parte 2)


Ah… Meu… Deus. Que… Droga!Droga, droga, droga, droga!
Sussurrou ela para si mesma. Helena estava congelando de pavor. Tinha certeza que o barulho que ouvira era de passos, mas como alguém entraria, se a porta estava trancada? Pergunta melhor: e se já tivesse alguém lá? Mesmo tremendo de medo, ela começou a andar. Não sabia bem como, mais ainda conseguia andar. Tinha que verificar o que era para ver se ficaria ou não. Na verdade, para ver se iria escapar, já que não tinha ideia de onde havia se metido.
Ela andou devagar, tentando fazer o menor ruído possível. Não queria ser pega, pelo que quer que fosse. O outro quarto estava vazio, mas ainda tinha dois cômodos quem que ela não havia entrado. O banheiro, e mais um quarto vazio. Helena juntou toda a coragem que possuía (que, naquele ponto, não era muita) e entrou no quarto.
Um silêncio mortal e os olhos arregalados.
Mas só havia uma janela aberta e um gato pousado no parapeito desta.
— Sai! Sai seu gato idiota! Sai!
O gato saiu, pulando direto da janela para a calçada, metros abaixo. Helena suspirou fundo. Droga de gato idiota. Como eu deixei ele me assustar desse jeito?
Já calma Helena resolveu descer, e ficar por lá, mas voltou, e pegou as velas e a caixa de fósforos. Desceu devagar, ainda cautelosa quanto o barulho. Sentiu um súbito alívio ao chegar à sala e verificar que esta se encontrava vazia.
Sentou-se no colchão, e abriu um chocolate. Não era exatamente para acalmar; chocolates, leitura e coca-cola eram os únicos vícios de Helena. Agradecia por estes serem seus vícios, e não bebidas e drogas.
Acendeu uma vela, para não precisar ficar com a lanterna acesa e pescou um livro dentro da mochila. Era um de seus preferidos: A Escrava Isaura. Apesar do linguajar complexo e antiquado, merecia, no mínimo, uma nota 7 na escala de Helena. Começou a ler a primeira página, já lida tantas vezes. Mais ainda sim, havia certo prazer em relê-lo.
Helena estava absorta em seu livro, como fazia com qualquer coisa. Esqueceu-se de tudo, sua mente estava ocupada imaginando as cenas lidas.
Quando algo a interrompeu.
— O que você está fazendo aqui?




Copyright 2011 - Todos os direitos reservados. Proibida cópia parcial ou total deste conteúdo sem autorização expressa do autor

O intruso do sótão (cap. 2)


Pelo visto, aquela seria uma longa noite.
Era nisso que Helena estava pensando enquanto passava pela, olhando para os olhos curiosos.
O que foi? Ela quis perguntar. Nunca viram alguém carregando um colchão?
Ela tentou ignorar os olhares curiosos em sua direção. Talvez o fato de ela estar mal- arrumada e com óculos escuros ajudasse a parecer uma delinqüente juvenil, mas eles eram necessários. Se alguém a visse, era o fim do plano. Com escuridão e óculos escuros, não iriam nem suspeitar, ou assim ela pensava.
Parou em frente à porta do casarão. Seria uma linda casa, daquelas que parecem do século dezoito, se não estivesse abandonada. Havia alguns rumores horríveis sobre a casa. Uma linda família, de cinco pessoas (pai, mãe, dois filhos e uma filha), moravam ali. O pai se viciara em jogos por que os filhos brigavam pela herança, e fora a falência. Um dos irmãos morreu pelo outro, o pai surtou, matou toda a família e cometeu suicídio. Helena se arrepiava ao recordar a história, mas ela era uma mentira. Tinha certeza, porque pesquisara os registros da casa na prefeitura. A casa pertencia a Margaret Dailes, que morrera de câncer sem deixar herdeiros. Nínguem quis comprar a casa por causa dos rumores, e ela então ficou sob domínio da prefeitura que não a demoliu, mas também não cuidou dela.
Tudo bem. Vamos lá.
Helena girou a maçaneta e empurrou a porta, que não estava trancada por dentro. Pegou o cadeado que estava na porta e testou a combinação: 7349. Realmente, os rumores estavam certos. Carregou as coisas para dentro e trancou a porta com o cadeado.
Andou pela casa decidindo onde iria dormir. Resolveu dormir perto da porta, nas sala. Era um ponto estratégico: só ela e algumas pessoas conheciam a combinação, de modo que seriam poucas as chances de alguém entrar pela porta. Se tentassem entrar pela janela ela ouviria, o que daria tempo de escapar pela porta dos fundos, já que a probabilidade de alguém cercar a da frente era sempre óbvia. Mesmo assim, ela tentou pensar em todas as possibilidades, e contou com um aviso prévio das amigas. A calma não era um ponto forte de Helena, assim como a estratégia. Ela não sabia se nascera com eles, ou se os desenvolveu ao longo dos anos. Mas sempre ajudavam em horas críticas, mesmo que tivessem pequenas falhas.
Ela andou até a cozinha, e checou o cadeado. A cozinha era, com certeza, o cômodo mais feio da casa. Era sujo e mofado, por estar abandonado a muito tempo. As três cadeiras estavam apoiadas na mesa torta, algumas sem pernas. Os armários estavam tortos e quebrados, contendo vidros e potes cheios de mofo. Helena achava aquilo repulsivo; tinha um nojo extremo de fungos.
Não estava com nem um pouco de sono, ainda não passavam das sete e meia. Decidiu andar pela casa. Subiu uma escada, segurando a lanterna. O segundo andar não tinha a mesma luz fraca vinda do poste da rua, que entrava pelas vidraças embaçadas.
Ela estava com medo, ma mesmo assim foi. As pessoas precisam enfrentar seus medos. Precisamos mostrar que somos maiores que eles. Era o que Helena pensou para se motivar, enquanto subia as escadas. Ela entrou na primeira porta aberta que viu. Lá havia um quarto grande, com uma cama larga e uma penteadeira. A cama estava bem arrumada, com travesseiros e lençóis empoeirados, como se esperando um visitante. O espelho da penteadeira estava embaçado, mas ainda podia-se ver um pouco do reflexo bonito de Helena. Em cima da penteadeira havia alguns perfumes, uma escova de cabelo e um batom vermelho-vivo, corroído pelos fungos. Havia também uma armário, quase atrás da porta, que ela não havia notado antes.Tentou abrir uma das portas, que rangeu e abriu em um solavanco.Não havia nada dentro.
Ignorando a poeira, Helena arrancou a cortina de retalhos, revelando mais uma vidraça enfumaçada, também bem abaixo de um porte. Helena conclui que, mesmo no século dezoito, quando a casa fora construída, já havia postes iluminação, só que como lamparinas, que precisam de óleo. As janelas deviam ter sido estrategicamente projetas, para aproveitar a luz da rua, enquanto estivesse acesa. Helena rumou então para a porta do lado esquerdo, que também era um quarto. Havia uma cama de solteiro, sem colchão. Uma escrivaninha pousava sozinha em um canto, sem nada em cima. Havia várias velas e uma caixa de fósforos dentro da gaveta. Mas Helena notou um pequeno detalhe, que não teria visto se não tivesse olhado por um tempo, medindo os detalhes. Sua inteligência só ressaltou um pouco o que ela já tinha, que era a observação. A caixa de fósforos e as velas eram recentes. Como ela sabia? Simples: elas não estavam cobertas por uma camada de pó. E uma das velas estava na metade, com o pavio queimado. Alguém estivera lá recentemente.
Helena ficou apreensiva. Estava com medo. Medo de que alguém a visse lá.
Quando escutou barulhos.




Copyright 2011 - Todos os direitos reservados. Proibida cópia parcial ou total deste conteúdo sem autorização expressa do autor

sábado, 22 de janeiro de 2011

O Intruso do sótão (cap. 1, parte 4)


— Ah, droga de lanterna idiota! — xingou Helena — Agora não, agora não! Ah, beleza de lanterna!
Helena estava parada no meio da estrada deserta que levava a cidade. Não tinha qualquer iluminação, a uníca disponível era a lanterna, que mostrava falhas. Frustrada, Helena jogou a lanterna longe, e se sentou no chão, com a cabeça enterrada nas mãos. Mas não podia ficar ali parada para sempre. Se levantou e pegou a lanterna, e foi caminhado a luz fraca do luar. Se fosse lua cheia, eu enxergaria tudo. Helena continuou dando tapas na lanterna, até que ela reacendeu. Tenho que andar rápido. Pensou ela. Logo vão dar pela minha falta. Ela começou a andar mais depressa. Faltava pouco para chegar.
Chegou na praça da cidade bufando. Isabele esperava junto com Lidie, outra amiga sua. Ela tirou a mochila das costas e desabou no banco, com uma lata de refrigerante que havia comprado.
— E ai? Só isso? Sem oi, sem abraço? — reclamou Lidie — Achei que fossemos suas amigas.
— E são. — disse Helena. — Senão eu não as teria procurado. O fato é que não sei por onde começar.
Helena dobrou o tronco para frente, apoiando os braços nas pernas. Parecia uma moleca, com a barra da calça suja e embolada. O cabelo liso e escuro estava embolado em um rabo-de-cavalo malfeito, e um boné azul pousava no colo. O boné azul inseparável, como os livros.
Isabele olhou fundo no rosto da amiga. Ela era a mais maternal e intuitiva, e conhecia Helena o suficiente para saber que algo não estava bem.
— Problemas? — perguntou Isabele.
— Sim, problemas. — disse Helena — Problemas sérios. Antes que você pergunte; sim, é o meu pai. Mas como sempre, tem o dedo da Marta. Ou eu deveria dizer o braço?
As amigas conheciam a rotina da família de Helena. Marta era folgada, que adorava dar opinião na criação da menina. Sempre que haviam brigas ou discussões, ela geralmente tinha uma grande influencia.
Helena descreveu os motivos: a viagem indesejada, a discussão e o tapa do pai. Para ela, aquilo havia sido a gota que transbordara o copo cheio.
Mas é claro que Helena não iria voltar. Era orgulhosa demais até para isso. Mas ela tinha um plano bem arquitetado: alguns quarteirões atrás da casa de Lidie (na real, vários quarteirões atrás)havia uma casa abandonada, que podia ser trancada por dentro, no caso de alguém procurá-la lá. Mas ela tinha certeza de que o pai nem pensaria nisso. Dormiria essa noite lá, e de manhá pensaria com calma para onde iria. As amigas alertaram-na de que era perigoso, mas Helena não ligou. Era a única saída. Dormiria com o celular do lado, so para garantir. Lidie se ofereceu par ir junto, mas Helena recusou. As mães tem um senso desconcertante de intuição, o que poderia estragar tudo.
Não podendo ficar junto com as amigas, ela consegui um colchão e alguns cobertores, trazidos escondidos pelas cúmplices. Comprou cocas e chocolates reservas, para o caso de precisar muito. Decidida, Helena rumou para o casarão.



Copyright 2011 - Todos os direitos reservados. Proibida cópia parcial ou total deste conteúdo sem autorização expressa do autor

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O intruso do sótão (cap. 1, parte 3)


Helena estava sozinha no quarto quando o telefone tocou. Isabele, sua amiga, a estava convidando para sair. Helena pediu permissão ao pai, que influenciado pela tia, negou.
— Não, você não vai! Só vai sair daqui para ir até o aeroporto, amanhã cedo.
Helena enlouqueceu. Era incrível o poder de persuasão da tia. Mas ela não iria, nem por um milhão de dólares.
— Eu não vou! Vocês não podem me obrigar! — gritou a garota, diante de tal declaração.
— Você vai sim! — disse o pai, com firmeza — Foi você mesma que queria estudar na Harvard!
— Pelo amor de Deus! E mais fácil elefantes voarem! — disse Helena, achando aquilo ridículo — Fique sabendo que o Brasil tem ótimas faculdades, e eu pretendo ir para a federal!
— Mas você vai para a Europa, e ponto final!
— Não vou! Por que vocês não pegam esse maldito intercambio na Europa e…
A fala de Helena foi interrompida pelo tapa do pai. Ela aceitava qualquer coisa, mas não a atitude arrogante. Não disse uma palavra, e segurou o bolo na garganta até chegar ao quarto.
— Eles acham que mandam em mim? Eles podem até mandar, mas não podem me arrastar para dentro do avião. — disse Helena para si mesma, enquanto arrumava uma mochila no quarto — Não tem esse direito! Eu tenho que ter escolhas próprias.
Helena estava decidida: iria fugir. Arrumou os livros e as roupas dentro de uma grande mochila, e levou uma bolsa com todas as economias que possuía. Desceu da janela do quarto com cuidado, apoiando-se no suporte para flores e madressilvas do lado de fora. Andou devagar com a lanterna no bolso da calça, porque já era quase hora do crepúsculo. Mas a satisfação era ainda maior: sua fuga tinha sido esplêndida. Ninguém a percebera sair. Agora faltava o mais importante: um local para dormir.
De jeito nenhum Helena dormiria na rua. E não podia gastar todo o dinheiro em um hotel. Não havia opção. Ela teria que ajudar. Helena tirou o celular da bolsa, e discou o numero da amiga. Isabele atendeu imediatamente, e Helena preferiu encontrá-la na cidade e explicar a situação com calma. Desligou o celular e continuou andando, agora com ajuda da lanterna. Mas na cabeça, já cheia de coisas, um pensamento mais forte lhe ocorria: e se eu não chegar lá?



Copyright 2011 - Todos os direitos reservados. Proibida cópia parcial ou total deste conteúdo sem autorização expressa do autor

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O intruso do sótão (cap. 1 parte 2)

— Mas Helena querida! Ah, vá, por favor, não faça isso com o seu pai.
O pai estava indignado. O motivo era que a filha tinha sido convidada para estudar na Europa por alguns tios maternos, mas recusara veemente o convite. O pai, Senhor Antero de Valdéz (como gostava de ser chamado), não gostava da recusa da filha. Mas a menina estava inflexível. Não iria para um país desconhecido cheio de coisas estranhas. Como ela iria sobreviver, sabendo o mínimo de algumas línguas européias?
— Já disse, papai. Eu não vou. — repetiu Helena mais uma vez, com a voz cansativa — Não sei falar nem espanhol! O que dirá de inglês e aquelas outras línguas com sotaque carregado!
— Mas filha... — insistiu Sr. Valdéz — è um intercâmbio! Ninguém lá sabe falar uma palavra! Vocês vão para isso!
— Pai, eu não...
O grito ficou entalado na garganta da menina. Tia Marta teve sua entrada barulhenta e triunfal na sala de jantar, carregando um enorme prato carregado de macarrão. E pronta para colocar o nariz absurdamente grande na conversa.
— Você deveria ir sim, mocinha — disse Marta, olhando duro para ela e para o pai — Pouquíssimas pessoas têm uma chance dessas, sua ingrata. — Ela interrompeu o discurso um instante: Vovó Lucia! Venha almoçar! — e continuou — Você devia obrigá-la, Valdéz. Ela não tem o direito de escolher o que quer e o que não quer. Ela não sabe o que é bom para o futuro.
Helena tentava protestar. Ela sabia sim o que era bom para o seu futuro. E tinha muito direito de escolher não ir para um intercambio caro e idiota. Era uma ótima oportunidade, sem dúvida. Mas não era a hora oportuna. Ela não estava preparada.
Depois de ouvir, durante quase todo o jantar, os resmungos repetitivos de Marta, o sangue de Helena lhe subiu á cabeça. Quem era ela para falar assim? Ela não tem, nem de longe, tanto conhecimento como eu. Pensou Helena. Não tem nada que me ensinar. Não pode me acusar de recusar coisas que ela nem sonha em ter. Se ela valoriza tanto essa droga de intercambio, ela que vá.
Mas este último pensamento ela disse em voz alta. Isso resultou em um chute da tia na canela, por baixo da mesa. A garota garantiu que seu "ai" saísse bem alto e esganiçado, para que ela se arrependesse. Mas isto nem de longe iria acontecer. Irritada, Helena subiu para o quarto e trancou a porta, ficando lá pelo resto da tarde.


Copyright 2011 - Todos os direitos reservados. Proibida cópia parcial ou total deste conteúdo sem autorização expressa do autor

O intruso do sótão (cap. 1)


Capítulo 1

Era uma tarde comum de inverno. Não estava nevando, como seria o sonho de muitos. Nem sequer ventava. Era apenas o mesmo campo verde e brilhante; a única diferença era o céu infinitamente azul, sem um único torrão branco flutuando no céu. Para alguns, era a imagem mais linda que já viram na vida. Para Helena, era o próprio tédio solidificado.
Já era começo de Agosto, o aniversário de Helena se aproximava. Apesar de completar treze anos, Helena ainda era um pouco infantil, ela mesma sabia disso e estava decidida a mudar, mas nem por isso ela deixava de ser totalmente irresponsável e mimada. Esses eram alguns traços de sua personalidade que ela tentava apaziguar, mas ainda não obtinha sucesso completo.
Pelo menos amanhã é segunda. Pensou Helena. Vou voltar para a escola e encher a minha cabeça de trabalhos. Vou ver minhas amigas,e esquecer tudo aquilo. Conseguirei ficar bem.
A verdade era que as férias de inverno tinham sido horríveis para Helena. Tudo que ela queria era se divertir com as pessoas, especialmente as amigas, o que acabou causando uma discussão com o namorado dos sonhos, Thiago, que terminou com rompimento e o orgulho ferido, por ter sido chamada de criança.
Helena não era criança, era um pouco mimada e um pouco irresponsável também, mas sabia aonde pisava. Tinhas notas brilhantes e não era de modo algum impulsiva. Estava sempre com ideias revolucionárias e entre a turma era quem conhecia um pouco de todos os assuntos. Ele não tinha o direito de chamá-la de criança. Apesar de ela gostar de brincar e se divertir como uma criança sua mente não era, de modo algum, a de uma criança.
Aquilo havia ferido o orgulho de Helena, o orgulho que para ela só é um defeito quando excessivo. Quando pequeno, é uma espécie de gratificação própria, desde que não usado contra as pessoas. Porque não sentir orgulho de algo bom? Se for um orgulho pequeno e próprio não é orgulho, é auto estima. Era o que Helena dizia quando a julgavam orgulhosa.
Mesmo o orgulho (ou auto-estima, como ela dizia) não foi capaz de impedir que ela chorasse meses e meses seguidos escondida no sótão que a impedisse de ver as amigas, com medo das interrogações sobre o que acontecera. Não a impediu de tentar desesperadamente alterar seu tipo físico, consumindo cada vez menos comida e doses absurdas de cálcio, em um apelo desesperado de crescer. Ela mentia para si mesma, ao dizer que aquilo não era para ele, mas era. Era para mostrar o que ele havia perdido, o que deixara escapar e que nunca teria de volta, nem algo parecido.
Mesmo sabendo que ele se arrependeria, a ideia não reconfortava Helena. Ela o amava de verdade, um sentimento raro aos treze anos. Não é algo que você supere simplesmente com o passar do tempo. Alias o tempo não muda nada; ele só tira coisas ruins do foco da nossa atenção. Porque se paramos um pouco e reviramos a mente, as coisas indesejáveis sempre vão aparecer, brilhando mais do que outras. Por isso, o principal objetivo de Helena era manter a mente ocupada, até que o capítulo perdesse o foco. Por isso ela estava sentada sozinha no sótão, com um livro enfiado no nariz, ao invés de estar aproveitando a bela tarde para andar de bicicleta, que ela adorava. Mas que deixava a mente vazia, por não exigir a atenção necessária.
No entanto, o assunto abordado era pouco interessante. Era um dos livros velhos do pai, que abordava temas como aristocracia e burocracia, assuntos fora da área investigativa da garota. Mesmo assim, ela se esforçou ao máximo para entender, pois se aquilo era importante para o pai, certamente era importante para a vida. Mas isso não foi o suficiente para que ela conseguisse ler mais de seis páginas. Vencida, ela fechou o livro e deixou-o pousar em seu colo. Lembrou-se tristemente de quando fazia isso com Thiago. Mas estava decidida: não sentiria falta dele, nem de nada que aconteceu enquanto estavam juntos.
Determinada, ela pegou o livro e saiu do sótão. Não voltaria ali nem em um milhão de anos, por que lá que se passavam capítulos que ela queria esquecer, e ela iria esquecer. Fechou a porta e trancou com cadeado, certificando-se de jogar a chave bem longe pela janela, para que nunca mais encontrasse. Não voltaria a ver o sótão nunca mais.







Copyright 2011 - Todos os direitos reservados. Proibida cópia parcial ou total deste conteúdo sem autorização expressa do autor

O intruso do sótão (resumo)

Antes de você ler, um pequeno aviso:

Talvez eu escreva demais sobre o assunto da história, o que pode tanto estimular quanto desestimular você. Então, se estiver na dúvida, por qualquer motivo que seja, te recomendo não ler.
Na real, faça o que você quiser!
Lá vai:

Helena Valdéz é uma garota inteligente e observadora, e também um pouco irresponsável e mimada. Mora com o pai, Sr. Antero Valdéz, a tia, Marta, e a avó, Lúcia. Depois de romper com o namorado sonhado, Thiago, Helena fica deprimida por ter o orgulho ferido. Durante uma discussão, ele a chamara de criança, o que afetou o orgulho de Helena e os levou a um rompimento.
Quando a garota recusa um convite dos irmãos da falecida mãe para um intercambio na Europa, há uma briga entre ela e o pai. A tia, Marta, que tem total controle da situação, ordena que a menina vá. Revoltada, Helena resolve fugir de casa.
Com ajuda das amigas, ela se esconde no casarão abandonado, da antiga Senhora Margaret Dailes. Lá ela encontra Max, um garoto da sua idade, honesto, carinhoso e um pouco impulsivo, que também fugiu de casa. Eles começam a se envolver, e estão dispostos a se arriscar um pelo outro.

AvisOo

devo alertá-los, como pessoa responsável e sensata que sou
(talvez nem tanto) que eu tenho um problema sério:
Crises de inspiração
ou seja, vou postar estórias loucas e desconexas que vão te deixar, talvez, um pouco curioso
então,peço cuidado.......

Oiie!!!!!

Olá!!! Quero deixar um grande abraço para todo o mundo que passar por aqui!!!
Beijinhos
espero que curtam!!!!!!!!!!!!