sábado, 9 de abril de 2011

O Intruso do sótão (cap.4 parte 2)

Helena ficou quieta enquanto percorria todo o caminho até sua casa. Tia Marta reclamava aos gritos, os cabelos louros e curtos esvoaçando devido ao vento da janela aberta do quarto. Ele queria a mandarela calar a boca, mas concluiu que já tinha problemas demais.

Quando ela chegou o pai esperava junto a porta, de braços cruzados. A grande casa de campo amarela se erguia atrás do pai, parecendo calma e convidativa. As janelas abertas, as flores emoldurando-a. Helena não se importava se iria apanhar ou ficar de castigo pelo resto da vida. Por algum motivo, seu pensamento estava muito distante.

— Helena — disse o pai, já sentado na mesa da cozinha, esperando uma conversa madura e civilizada —, por que fez isso? Sabe que fiquei preocupado?

Não parece, pensou ela.

— Sabe que não gosto que me prendam, nem que me ignorem. Não posso ser contida pai, desculpe.

Ela não fazia ideia de como parecia muito mais adulta ao dizer essa frase. Mesmo assim, sua mente estava distante, nem mesmo ela fazia ideia de onde. É claro, o homem ficou atônito, vendo a filha deixar a mesa sem mais uma palavra. A expressão de Helena, seu olhar, estavam distantes.

— Helena, eu não terminei — disse a voz dura do pai, obrigando-a parar.

Ela sabia que se não virasse naquele momento, o pai perderia o autocontrole que estava conseguindo á duras penas. Ela fitou o rosto nervoso do pai, com uma expressão distante demais até para ela mesma. Ele, por sua vez, começou a enumerar as regras:

— Vai ficar três meses se poder sair com suas amigas, ouviu? Vou tirar seu notebook, e você só vai usá-lo sob minha vigilância quando tiver trabalhos escolares. Não quero visitas de domingos nem à noite, e você só pode sair desta casa comigo. Entendeu?

No primeiro momento, ela nada respondeu. Não vou poder ver Max, pensou aflita. O pai ficou nervoso e repetiu, com a voz elevada:

Entendeu?

— Sim, pai. A verdade era que ela não estava nem pouco preocupada. Não deu a mínima atenção ao discurso do pai que se seguiu, pedindo silenciosamente que tudo aquilo terminasse rápido e da forma mais amigável possível. Ela queria subir e ficar sozinha no quarto, pensando em uma outra forma de ver Max.

Era impossível deixar de pensar nele por um só segundo, mesmo que ela quisesse.



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