sábado, 22 de janeiro de 2011

O Intruso do sótão (cap. 1, parte 4)


— Ah, droga de lanterna idiota! — xingou Helena — Agora não, agora não! Ah, beleza de lanterna!
Helena estava parada no meio da estrada deserta que levava a cidade. Não tinha qualquer iluminação, a uníca disponível era a lanterna, que mostrava falhas. Frustrada, Helena jogou a lanterna longe, e se sentou no chão, com a cabeça enterrada nas mãos. Mas não podia ficar ali parada para sempre. Se levantou e pegou a lanterna, e foi caminhado a luz fraca do luar. Se fosse lua cheia, eu enxergaria tudo. Helena continuou dando tapas na lanterna, até que ela reacendeu. Tenho que andar rápido. Pensou ela. Logo vão dar pela minha falta. Ela começou a andar mais depressa. Faltava pouco para chegar.
Chegou na praça da cidade bufando. Isabele esperava junto com Lidie, outra amiga sua. Ela tirou a mochila das costas e desabou no banco, com uma lata de refrigerante que havia comprado.
— E ai? Só isso? Sem oi, sem abraço? — reclamou Lidie — Achei que fossemos suas amigas.
— E são. — disse Helena. — Senão eu não as teria procurado. O fato é que não sei por onde começar.
Helena dobrou o tronco para frente, apoiando os braços nas pernas. Parecia uma moleca, com a barra da calça suja e embolada. O cabelo liso e escuro estava embolado em um rabo-de-cavalo malfeito, e um boné azul pousava no colo. O boné azul inseparável, como os livros.
Isabele olhou fundo no rosto da amiga. Ela era a mais maternal e intuitiva, e conhecia Helena o suficiente para saber que algo não estava bem.
— Problemas? — perguntou Isabele.
— Sim, problemas. — disse Helena — Problemas sérios. Antes que você pergunte; sim, é o meu pai. Mas como sempre, tem o dedo da Marta. Ou eu deveria dizer o braço?
As amigas conheciam a rotina da família de Helena. Marta era folgada, que adorava dar opinião na criação da menina. Sempre que haviam brigas ou discussões, ela geralmente tinha uma grande influencia.
Helena descreveu os motivos: a viagem indesejada, a discussão e o tapa do pai. Para ela, aquilo havia sido a gota que transbordara o copo cheio.
Mas é claro que Helena não iria voltar. Era orgulhosa demais até para isso. Mas ela tinha um plano bem arquitetado: alguns quarteirões atrás da casa de Lidie (na real, vários quarteirões atrás)havia uma casa abandonada, que podia ser trancada por dentro, no caso de alguém procurá-la lá. Mas ela tinha certeza de que o pai nem pensaria nisso. Dormiria essa noite lá, e de manhá pensaria com calma para onde iria. As amigas alertaram-na de que era perigoso, mas Helena não ligou. Era a única saída. Dormiria com o celular do lado, so para garantir. Lidie se ofereceu par ir junto, mas Helena recusou. As mães tem um senso desconcertante de intuição, o que poderia estragar tudo.
Não podendo ficar junto com as amigas, ela consegui um colchão e alguns cobertores, trazidos escondidos pelas cúmplices. Comprou cocas e chocolates reservas, para o caso de precisar muito. Decidida, Helena rumou para o casarão.



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Um comentário:

  1. Adoro suspense e essa história está ficando interessante.....deveria postar mais rapidamente estou curiosa...Até!!

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