domingo, 30 de janeiro de 2011

O intruso do sótão (Cap. 3)

— Helena — disse Max, debruçando-se sobre ela — Acorda, Helena.

Helena levantou o rosto, e percebeu sua boca a centímetros da dele. Ela recuou insistivamente para trás, ainda que se eu primeiro flash fora de aproximar um pouco mais a cabeça.

— Café? — ofereceu ele. Helena aceitou a caneca, com um olhar significativo para Max. O menino estava estranhamente alarmado, fato devido á aproximação súbita de Helena.

— Onde conseguiu? — perguntou ela, verificando se não havia nenhum fungo no copo.

— Não tirei da cozinha — disse ele, com olhar que traduzia a frase: E não sou porco. — Comprei na padaria. Eu trabalho, se você não sabe. Não peço esmola no farol.

Max não sentiu a necessidade de especificar que seus trabalhos eram, em sua grande maioria, muito grandes para a sua quantia. No entanto, ele não ia se submeter a trabalhos mais complicados que poderiam encrencá-lo, dando-se a sua condição de fugido. Já que o tio não estava disposto a aceitá-lo de volta, ele teria que conseguir, no mínimo, o que comer. Helena o fitava com um olhar horrorizado, de quem pensou o pior.

— Eu não faço ponto na esquina! — rugiu Max, rubro de raiva.

— Eu não pensei isso. — disse ela, corando. Nunca alguém a desmascarara tão facilmente. — E onde você toma banho? — disse ela, refletindo um pouco. Podia afirmar que ele não cheirava mal, nem de muito perto. Na verdade, cheirava a um forte perfume masculino. Ela deduziu que, se ele tinha trabalho e cheirava tão bem, obviamente tomava banho.

— Na casa da Anna — respondeu ele — Ela sabe sobre o meu tio e tentou convencê-lo a me deixar voltar. Também quis que eu ficasse com ela, mas sabe como é... Ela mora sozinha. Ela cuida de mim e tenho muita coisa graças a ela.

Helena ficou pensando quem ela seria. Pensou até que Max tivesse uma recaída por ela, já que ele corara um pouco na declaração. Tal pensamento não animou. Eles tomaram café juntos, e ficaram um bom tempo sem falar nada. Helena se levantou, e sentiu uma súbita coceira. Pensou em tomar um banho, mas não queria se arriscar indo na casa de uma das amigas, nem na casa de Anna. Ao invés disso, ela se espreguiçou e abriu a porta, querendo ver alguns raios de sol antes de começar a rotina de fugida.

— E então, quando vai me contar sobre você? — Perguntou Max de súbito.

— É uma longa história — falou Helena, desabando sobre o sofá. — Ou talvez nem tanto. — Disse ela, olhando para Max, e perguntando-se até onde ele queria chegar.



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